A Leitura da Francisca do 10ºB

Foi este o tema com que a Francisca nos encantou depois da leitura do livro de:

BERNARDO SOARES

Prefácio de Fernando Pessoa ao Livro do Desassossego

“Há em Lisboa um pequeno número de restaurantes ou casas de pasto [em] que, sobre uma loja com feitio de taberna decente, se ergue uma sobreloja com uma feição pesada e caseira de restaurante de vila sem comboios. Nessas sobrelojas, salvo ao domingo pouco frequentadas, é frequente encontrarem-se tipos curiosos, caras sem interesse, uma série de apartes na vida.
“O desejo de sossego e a conveniência de preços levaram-me, em um período da minha vida, a ser frequente em uma sobreloja dessas. Sucedia que, quando calhava jantar pelas sete horas, quase sempre encontrava um indivíduo cujo aspecto, não me interessando a princípio, pouco a pouco passou a interessar-me....
In: Livro do Desassossego: composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa/Fernando Pessoa; ed. Richard Zenith.- Lisboa: Assírio & Alvim, 2006.

Ora «escutem» o que ela nos disse!
        «À medida que ia lendo o livro de Fernando Pessoa, reparei nas muitas referências à alma, o que é normal, sendo este o livro de um poeta. Parecendo a alma ser sempre o tema preferido dos poetas, as perguntas surgiram-me: Mas o que é  a alma? Existe? Para que serve? O que faz? Será que a alma somos nós, o verdadeiro «nós»? Será o corpo um acessório da alma, ou a alma um acessório do corpo? Será o corpo um mero meio de habitação da terra por parte da nossa alma?
       «Isso» de ser a nossa alma, significa que a mesma pertence a algo ainda maior, pois por exemplo, eu supostamente tenho o meu corpo, a minha alma, e esses dois componentes pertencem ao Eu. Será o Eu o meio maior, a qual tudo o que me pertence, pertence? Será que fazemos parte de outros milhares de meios, e nós somos só uma ínfima parcela do Ser Universal, ou do Ser Todo?
       Ainda não sei o que é alma, mas «dela» já retirei todas estas questões das quais irei continuar à procura das respostas. Será esse o seu uso, fazer-nos questionar?
       Segundo a ciência… Bem, segundo a ciência nada, ainda não nos explicou o que é, ou se é de todo, talvez porque a alma é a fronteira entre o ser lógico e físico e o ser espiritual.
        Provavelmente a Alma é o Ser, o verdadeiro Ser, e só habita neste corpo para puder viver neste mundo, e quando se morre, é o nosso corpo que para, mas a Alma daí rapidamente se liberta, e provavelmente vai habitar um outro «algo qualquer», num outro sítio qualquer.
         A Alma, provavelmente, é onde o nosso todo se encontra, onde os nossos pensamentos, sentimentos, palavras, raciocínios estão. Mas para os poetas, mais precisamente, para Fernando Pessoa, a Alma é como se a plataforma dos sentimentos, onde tudo o que dói se encontra, onde tudo o que é feliz habita, a base do ser. Normalmente, nós só conseguimos supor isto, mas Pessoa parece ter a certeza, e é esta certeza que ele tem sobre a Alma que me intriga.
        De volta a nós, parece que todos continuamos a vivenciá-la, mas nunca afirmando que a mesma existe, nunca tentando descobrir o que ela é, e continuando a dá-la por garantido diariamente.
        Ainda não retirei nenhuma conclusão, nem acho que nenhum de nós a vai retirar enquanto com vida e talvez a morte nos responda.»


E ainda a propósito vejam este fantástico vídeo:
 http://ensina.rtp.pt/artigo/fernando-pessoa-2/




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