Reportagem: “Para ser grande, sê inteiro”


“Para ser grande, sê inteiro”

   O Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Sanches apresentou na 10ª. Edição da Mostra de Teatro Escolar de Braga a peça “Para ser grande, sê inteiro”, uma adaptação teatral encenada pelas professoras Manuela Duarte e Cândida Almeida. Com uma adaptação de textos de Fernando Pessoa, Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner Andresen e Manuel António Pina.

Pelos alunos do 8.º2 da Escola Dr. Francisco Sanches.
Em 20 de abril na 10ª. Edição da Mostra de Teatro Escolar, no auditório do Espaço Vita, em Braga





A História de Portugal para inspirar o nosso presente.

      Esta foi a mensagem que pudemos perceber na introdução do espetáculo. No final do mesmo, percebemos que as histórias contadas nos livros não servem só para recordar, pois são estes grandes exemplos de homens e mulheres, que nos ensinam a enfrentar o futuro sem medo.

   A história foi-nos contada, estando uma mãe sentada com as duas filhas, para lhes explicar os livros que estas estavam a ler. 
   Os Lusíadas, de Luís de Camões, A Mensagem, de Fernando Pessoa, Aquilo que os olhos veem, ou o Adamastor, Os Piratas, de Manuel António Pina e O Bojador, de Sophia de Mello Breyner Andresen foram o pretexto de uma encenação que nos mostrou sermos capazes de vencer as adversidades da vida se formos “grandes” e “inteiros”.


Homens e mulheres foram os protagonistas desta ação teatral, onde as dificuldades, os medos, a coragem, o trabalho e a sabedoria resultaram na maior aventura colectiva, a qual pudemos, com orgulho, ver representada pela nossa escola.
    Foi com O Bojador, de Sophia de Mello Breyner Andresen, que a aventura marítima mostrou o valor dos que partiram e dos que ficaram à espera.

    Vimos como Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Todos diziam que nunca ninguém passava além desse cabo. Diziam que para além do Cabo Bojador, havia ventos e tempestades e nenhum barco ali podia passar.

   O Infante D. Henrique, durante muitos anos, mandou os seus barcos em busca deste Cabo, mas foi Gil Eanes que jurou só voltar a Portugal quando o tivesse dobrado. Assim foi, Gil Eanes navegou até lá, dobrou o Cabo, mesmo com ventos e tempestades.
    Regressou, trazendo consigo um ramo de flores secas, como prova de que lá tinha estado.


    Aquilo que os Olhos Vêem ou o Adamastor e a Mensagem abrem-nos os olhos para a coragem que precisamos de ter ao enfrentarmos os desafios, sem termos medo de falhar… 





Uma pausa para rir.

      Uma mensagem divertida, pois foram muitos os momentos em que, no decurso da ação teatral, pudemos rir com a representação expressiva e dinâmica dos nossos colegas.









A Arte é um conjunto de sensações. 

- Quero paz contigo – disse o branco na sua língua. O negro sorriu e respondeu três palavras desconhecidas.
- Quero paz contigo – disse o branco em árabe -. O negro tornou a sorrir e tornou a repetir as palavras ininteligíveis.
- Quero paz contigo – disse o branco em berbere.

O negro sorriu de novo e mais uma vez respondeu as três palavras exóticas. Então Pêro Dias começou a falar por gestos, Fez o gesto de beber e o negro apontou-lhe a floresta. Fez o gesto de comer e o negro apontou-lhe a floresta. Com um gesto de convite o marinheiro apontou-lhe o seu batel. Mas o negro sacudiu a cabeça e recuou um passo. Vendo-o retrair-se o português, para voltar a estabelecer a confiança, começou a cantar e a dançar. O outro, com grandes saltos, seguiu o    seu exemplo. Em frente um do outro, bailaram algum tempo. (…) 
                                                               Excerto de O Cavaleiro da Dinamarca, de Sophia de M.B. Andresen.

       Foi deste diálogo estre o homem branco e o negro, que nasceu uma coreografia musicada com sons de música Barroca e de música “Indígena”. Dançaram, e nessa dança representaram o desentendimento dos homens por não falarem a mesma língua. Foi mais um momento de movimento, mas que nos chamou à reflexão perante uma história passada, que pode muito bem servir de lição para o presente. 


   

 Música, Imagem, Dança, Expressividade … estas e muitas outras palavras servem para definir um espectáculo épico, que juntou textos e alunos da nossa escola, num esforço quase tão heroico, como aquele dos protagonistas navegadores e das suas famílias… 


    Terminado o espectáculo, não nos demos por satisfeitos com as palmas e fomos cumprimentar os colegas e as professoras Manuela Duarte e Cândida Almeida. Oferecemos-lhes a nossa ajuda para transportar os adereços de volta para a escola, afinal também queríamos, de alguma maneira, retribuir tudo o que nos ofereceram…. 
  
   Mas não queríamos que tivesse terminado e fomos procurar algumas colegas que nos partilhassem todas as vivências dos ensaios, todo o percurso até ao dia da representação pública. 

A Entrevista

      Encontramos a Cecília, a Clara e a Madalena do 5º2, a descontrair e a almoçar. Não hesitamos, porque era o momento perfeito de pausa para uma conversa. Falaram-nos da coreografia inicial, que representava o vento, o mar e a navegação dos barcos, falaram da construção do guião, que, segundo elas, foi o mais difícil, porque tinha de transmitir uma mensagem de força, interligando muitos textos.


O que mais gostaram foi das brincadeiras e também o de terem tido a oportunidade de aprenderem tanto, afirmando que, no Teatro todos aprendem, mesmo os que dizem ter menos jeito. Sobre a «fama» que proporciona o estar no palco, é algo inevitável, que é a consequência do reconhecimento do trabalho e do esforço, apesar de sentirem que lhes «rouba» alguma privacidade. 

   Para o próximo ano esperamos voltar a assistir a mais um espectáculo e, quem sabe, voltar a fazer mais uma reportagem. 











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